25 de Abril de 1974. Sophia de Melo Breyner chamou-lhe o “dia inteiro e limpo”. Sim, este foi o dia que valeu por toda a vida. O dia da Liberdade, da Democracia, da Paz, que hoje e sempre temos de continuar a afirmar, sobretudo quando prossegue a tentativa de branqueamento do fascismo e do que ele representou de opressão e corrupção, e quando se assumem abertamente projectos reaccionários e antidemocráticos.

Este foi o dia das conquistas, posteriormente consagradas na Constituição da República Portuguesa, como o Poder Local Democrático, o Serviço Nacional de Saúde e a Escola Pública, sem as quais teria sido ainda muito mais difícil enfrentar a pandemia, e que, tal como o texto fundamental – que alguns ambicionam subverter –, são alvo de fortes ataques visando a sua destruição.

É neste contexto que celebraremos Abril, com a mesma confiança e determinação que festejaremos o 1.º de Maio, o Dia Internacional do Trabalhador, celebrando a luta vitoriosa dos operários de Chicago, e a que continua, pela valorização do trabalho e dos trabalhadores, combatendo a exploração, a precariedade, as desigualdades e injustiças e a ofensiva contra os direitos, hoje “embrulhada” no desenvolvimento científico e tecnológico.

Este é ainda um tempo em que os trabalhadores empobrecem a trabalhar, realidade agravada com o brutal aumento do custo de vida, resultado do modelo de baixos salários imposto por sucessivos governos do PS e do PSD, e de sucessivas alterações à legislação laboral que facilitaram a precariedade, embarateceram os despedimentos e reduziram direitos por via da caducidade da contratação colectiva.

Enfrentamos, hoje, um novo quadro político, marcado negativamente pela maioria absoluta do PS e pelo crescimento da direita liberal e da extrema-direita, que não só não resolve nenhum dos problemas (e são muitos) que atingem os trabalhadores, como coloca acrescidas ameaças, como revelam as declarações dos representantes do grande capital, desejosos que estão de abocanhar as funções sociais do Estado, acentuar a desvalorização dos salários e fragilizar, ainda mais, a legislação laboral.

É por tudo isto que teremos de estar preparados, não baixar os braços e estar disponíveis para a luta, para continuar a exigir direitos e para defender a democracia. Parafraseando Zeca Afonso, a luta é dura, mas mais dura é a razão que a sustém, pelo que continuaremos a bater-nos sem descanso pela melhoria das condições de trabalho e a elevação das condições de vida.

In Jornal do STAL n.º 122