Os pontos mais altos do parque são as serras de Coroa (1273 m) e de Montesinho (1486 m). Também existem vales sulcadas por vários rios, que vale a pena conhecer, nomeadamente através de um passeio a pé ou de bicicleta (existem trilhas marcados), para admirar a paisagem, especialmente na Primavera e no Outono, num percurso em que não faltam idílicas cascatas e praias fluviais, para uns refrescantes banhos depois das caminhadas.

Quanto às saborosas especialidades da gastronomia local, genuína e ancestral, que ajudam a recompor os corpos e até a alma, sobressai a famosa Posta, os enchidos de porco bísaro, o delicioso cabrito do Montesinho ou a carne de javali da montanha, acompanhado de castanhas e doçarias feitas com o melhor mel de Portugal.

O apelo de cada estação

Os transmontanos, na sua gíria, dizem que têm nove meses de Inverno e três de Inferno, porque o clima característico apresenta Invernos muito frios e nevados, e Verões quentes, embora aceitáveis.
A Primavera e o Outono são épocas amenas e, talvez por isso, as estações do ano mais aconselhadas para percorrer os caminhos infindáveis do Montesinho. É na Primavera que os rios, riachos e ribeiras transbordam de caudal e mostram o seu lado mais selvagem e pitoresco. E somos brindados com os montes pintados de tons florais dos matos de esteva, giesta e urze. Campos agrícolas e lameiros, soutos, azinhais e carvalhais completam o mosaico de verdes intensos.

As aldeias, muito genuínas, mantêm a arquitectura popular transmontana, feitas de blocos de granito, telhados de lousa e varandas projectadas em madeira resistente apresentando um aspecto que chega a emocionar.
Dentre as cerca de 90 aldeias, e na impossibilidade de as visitar todas que bem mereciam, referiremos apenas Dine, Guadramil e Moimenta.

Já na Aldeia de Montesinho, que empresta o seu nome ao Parque, as ruas calcetadas e bem tratadas conduzem-nos à Igreja, ao Núcleo Interpretativo do Parque e ao Museu, instalado numa casa típica transmontana, onde podemos conhecer a geologia, a etnografia e os usos e costumes da região.

Embrenhados na Natureza

Um dos trilhos mais famosos do parque dá pelo nome do Porto Furado. A partir da Aldeia do Montesinho, sobe aos 1300 metros, através de lameiros, giestais e urzes do monte, e dá a conhecer o maravilhoso vale do Rio Sabor. Este percurso contorna a Barragem da Serra Serrada, que recebe as águas da ribeira das Andorinhas, e visita também a pequena represa e o canal do Porto Furado, que os romanos usaram para a exploração do ouro. E no Castro Curisco recebemos uma aula de arte rupestre, onde sete rochas atestam a presença de civilizações antiquíssimas. E com sorte, ao longo deste percurso de 8 km, contaremos com a companhia de uma raposa matreira, um corço esquivo, um veado elegante ou avistaremos fugazmente um lobo ibérico.

In Jornal do STAL n.º 122