SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) lançou, dia 7 de Abril em Bruxelas, a campanha que decorrerá nos países da UE nos próximos dois anos, designada “Gestão do Stress nos Locais de Trabalho”.
Cerca de metade dos trabalhadores na Europa - 51% - considera que os casos de stress relacionado com o trabalho são comuns nos seus locais de trabalho.
Os resultados obtidos na sondagem de opinião pan-europeia, realizada pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA) a 16 622 trabalhadores oriundos de 31 países europeus (cerca de 500 entrevistas por país) revelam ainda que quatro em cada dez respondentes consideram que a problemática do stress não é abordada de forma adequada nas organizações onde trabalham.
Confrontados com uma lista de seis possíveis causas de stress relacionado com o trabalho, sete em cada dez trabalhadores identificaram a reorganização do trabalho ou insegurança no emprego como a principal causa, a qual assume uma expressão de 72%.
Já no que respeita os trabalhadores portugueses, a lista é encabeçada tanto pela reorganização do trabalho/insegurança no trabalho, como pelas horas de trabalho/volume de trabalho, ambas indicadas por 41% dos participantes nacionais.
A percepção que a população inquirida tem sobre os problemas relacionados com o stress conhece variações de género, mas também de idade. Sendo as mulheres mais peremptórias em afirmar a existência de stress nos seus locais de trabalho (54% para 49% de homens), também no caso dos trabalhadores com idades compreendidas entre os 18-54 anos esta percepção é mais evidente (53%) que entre o grupo com 55 ou mais anos (44%).
Os problemas ligados ao stress foram também eles postos em evidência pelos trabalhadores que, no plano da Administração Local e Regional, participaram no inquérito às condições de trabalho, aplicado pelo STAL em 2012.
Elencadas vinte e seis situações que, em contexto de trabalho, poderiam contribuir para o aparecimento ou agravamento de problemas relacionados com o stress, o gráfico 2 ilustra as dez situações mais indicadas pelos trabalhadores inquiridos pelo STAL.
Como se pode constatar, cerca de 43% do total de inquiridos (1678 de 3893) identificaram, desde logo, os baixos salários, aos quais seguem as dificuldades de progressão na carreira e a falta de formação profissional, referidas por cerca de 39% e 31% dos trabalhadores, respectivamente.
«A gestão do stress relacionado com o trabalho constitui uma das pedras angulares para a garantia da saúde, da segurança e do bem-estar dos trabalhadores europeus. Os locais de trabalho não podem permitir-se ignorar o stress relacionado com o trabalho, factor que aumenta o absentismo e reduz a produtividade.»
László Andor, Comissário Europeu para o Emprego,
Assuntos Sociais e Inclusão
Contrariando a tendência europeia, em Portugal, o stress relacionado com o trabalho tem vindo a crescer face aos níveis observados em 2000 (OSHA, 2009). O agravamento das situações de stress em contexto laboral é corroborado por um estudo recente da Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional (APPSO), realizado entre 2008-2013 e que contou com a participação de quase 34 mil trabalhadores dos sectores público e privado.
De acordo com a APPSO, o agravamento do stress é ainda mais acentuado no sector público: se há cinco anos este foi diagnosticado a cerca de 32% de funcionários públicos inquiridos, em 2013, o mesmo diagnóstico contemplou já 59% os trabalhadores do sector (valores que, entre os trabalhadores do sector privado aumentam de 24% para 43%, respectivamente).
Quatro anos depois de o STAL ter iniciado uma campanha nacional sobre o papel dos representantes dos trabalhadores na prevenção de riscos psicossociais (com especial incidência para as questões do stress, do assédio e da violência no trabalho) continua, hoje como então, a reafirmar a necessidade de sensibilizar, interna e externamente, tanto a sua estrutura como os trabalhadores da Administração Local e Regional.
Sendo o stress no trabalho uma questão organizacional que afecta o bem-estar dos trabalhadores e o desenvolvimento das organizações, esta só pode ser ultrapassada através de uma acção integrada e concertada entre todos os que intervêm nos locais de trabalho.
Porque o caminho se faz caminhando, o STAL saúda a Campanha Europeia que agora se inicia e reafirma o compromisso de continuar a intervir junto dos trabalhadores e dos empregadores, pautando a sua acção pela melhoria das condições de trabalho, pela valorização dos trabalhadores e pela defesa de serviços públicos de qualidade e proximidade.