DiaBombeiro site 4493e26 DE MAIO | DIA NACIONAL DO BOMBEIRO

Neste Dia Nacional do Bombeiro, mais que exaltar e enaltecer uns e outros em declarações de circunstância, exige-se de uma vez por todas as soluções que efectivamente dêem respostas concretas aos problemas do sector, honrando assim de facto aqueles que desempenham tão importante missão.

A protecção civil em Portugal assenta hoje essencialmente nos bombeiros portugueses, sejam estes de corpos detidos pela Administração Local (em menor número), entidades privadas (hoje, muito residual) ou por Associações Humanitárias (a larguíssima maioria).

A situação dos corpos de bombeiros detidos por associações humanitárias é hoje confrangedora. Fruto de opções políticas que tornaram estes corpos de bombeiros a primeira linha de protecção civil na maioria do território nacional, exigem-se a estes corpos de bombeiros um conjunto cada vez maior de capacidade de intervenção sem a necessária correspondência das verbas e fundos essenciais para a garantia da segurança e salvaguarda de pessoas e bens.

Corpos de bombeiros, do litoral e do interior, urbanos ou rurais, maiores ou mais pequenos, viram-se obrigados a reforçar os seus quadros de pessoal permanente para poderem dar resposta a todas as solicitações, quando se tornou mais que óbvio que não seria possível um grau de resposta adequado com base exclusivamente no voluntariado, actividade nobre que a todos os que a exercem dignifica, mas actualmente, cada vez mais insuficiente para, por si só, dar resposta às necessidades de uma sociedade moderna.

Com base numa legislação dispersa, confusa e quantas vezes contraditória, continua a verificar-se uma confusão generalizada entre o voluntariado e o profissionalismo, sendo recorrente a designação de bombeiros voluntários atribuída aos trabalhadores das Associações Humanitárias que desempenham funções nas áreas do socorro, emergência e saúde pré-hospitalar e que na maior parte dos casos são simultaneamente bombeiros voluntários, as mais das vezes “à força”, sendo ainda generalizada a ideia que para se ser contratado como trabalhador de uma AHB o trabalhador tem que ser, em primeiro lugar voluntário.

Esta situação decorre naturalmente do enquadramento histórico destas organizações, mas também da inação do legislador que, em 2007 se propôs a regulamentar a carreira de bombeiro profissional de AHB, o que até hoje não sucedeu.

Ora esta é uma questão central dos problemas neste sector que, lado a lado com o eterno problema do subfinanciamento destas entidades, urge resolver, sendo mesmo uma chave fundamental para o desbloquear de um conjunto de situações que não só continuam por resolver como se vão agravando com o tempo: a consagração da profissão de bombeiro como profissão de desgaste rápido, o reconhecimento que as funções de bombeiro são funções desempenhadas em situação de risco, insalubridade e penosidade elevadas e, naturalmente que uma protecção civil eficaz e abrangente exige cada vez mais, não só a profissionalização de todo o sector como também a sua especialização.

Certo é que estas medidas, absolutamente essenciais para poder almejar esta profissionalização efectiva do sector e a necessária especialização dos seus agentes, só será possível com a revisão global do modelo de financiamento actualmente existente e o reforço generalizado das verbas atribuídas às Associações Humanitárias de Bombeiros.

Num sector que exige a constante actualização e aperfeiçoamento dos conhecimentos e técnicas utilizadas na ampla miríade de missões destes corpos de bombeiros e simultaneamente e também por isso, dos equipamentos e veículos utilizados, não é possível continuar a deter uma visão minimalista e economicista da protecção civil.

Só profissionais qualificados, valorizados e motivados permitem a constante melhoria dos serviços prestados às populações.

Só corpos de bombeiros devidamente financiados e equipados poderão continuar a dar as respostas necessárias às necessidades do país em sede de protecção civil.
Qualquer uma destas vertentes, sem a outra continuará apenas e tão só a representar mais um adiamento da solução necessária para o sector.

Os bombeiros portugueses merecem mais e melhor da parte dos Governos, sejam eles centrais, regionais ou locais. O STAL continuará a bater-se por estas e outras medidas por parte dos Governos deste país, em defesa dos direitos e aspirações destes trabalhadores que diariamente arriscam a sua vida por todos nós, mas também pelas associações que, resultantes das necessidades das populações, foram surgindo em todo o país e que hoje sustentam o grosso das missões da protecção civil em Portugal.

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