TRABALHADORES DA AMARSUL EM LUTA ATÉ DIA 3
Os trabalhadores da Amarsul, do Grupo EGF/Mota-Engil, cumprem hoje o primeiro de cinco dias de greve, por um conjunto de reivindicações que constam do Caderno Reivindicativo apresentado. O STAL e o SITE-Sul denunciam a empresa de trabalho temporário Autovision de coagir trabalhadores, pressionando-os a apresentarem-se ao trabalho.
A greve de cinco dias teve início às 00.00h de hoje e prolonga-se até ao final desta sexta-feira, registando grande adesão dos trabalhadores da Amarsul, como indicam os números das primeiras horas desta acção de luta, que abrange os municípios de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal, e uma população de cerca de 800 mil habitantes.
No início desta luta a paralisação foi total nos Ecoparques do Seixal e Palmela, nos quais nenhum carro de recolha de resíduos sólidos urbanos dos municípios descarregou.
Comportamento grave e inadmissível
Chegou ao conhecimento do STAL e do SITE-Sul que a Autovision, empresa de trabalho temporário com trabalhadores a desempenhar funções na Amarsul, está a intimidar estes trabalhadores para se apresentarem ao trabalho, fingindo não saber que a greve a decorrer abrange “todos os trabalhadores ao serviço da Amarsul, independentemente do respectivo tipo de vínculo”, conforme consta do pré-aviso de greve.
O STAL e o SITE-Sul condenam, de forma veemente, este comportamento grave e inadmissível, e afirmam que qualquer tentativa de interferir na liberdade de adesão à greve dos trabalhadores faz incorrer quem a pratica em responsabilidade penal, sublinhando que o direito à greve está constitucionalmente reconhecido, e que nenhum empregador, num Estado de Direito Democrático como é Portugal, pode coagir trabalhadores a aderir a uma greve que os abrange, fingindo ignorância sobre o seu enquadramento legal.
O STAL e o SITE-Sul reservam-se ao direito de agir por todos os meios ao seu alcance, contra qualquer pessoa ou empresa que tente interferir no direito à greve destes trabalhadores.
CM Seixal critica funcionamento da Amarsul
O reconhecimento das razões desta greve – que assenta, igualmente, na reivindicação de mais investimento por parte da empresa em prol da prestação de um serviço público de qualidade – é por mais evidente, tendo levado mesmo a Câmara Municipal do Seixal a manifestar hoje, por comunicado, a sua oposição face “ao deficiente funcionamento da Amarsul”, relativamente “à gestão do sistema de recolha de resíduos, uma vez que a empresa deixou de realizar os investimentos necessários, degradando a prestação do serviço às populações”.
Segundo o município seixalense, a situação é visível, por exemplo, no aterro sanitário do Seixal, que "se encontra esgotado", sem que a empresa "mostre sinais de preocupação ambiental", apesar de continuar a aumentar as tarifas cobradas.
Grande participação nos piquetes
A forte adesão dos trabalhadores a esta acção de luta – em que se regista, igualmente, uma grande participação nos piquetes – demonstra, de forma inequívoca, a sua união e determinação para continuar a luta pelas suas reivindicações, designadamente por uma resposta urgente e positiva ao Caderno Reivindicativo já entregue à administração da Amarsul (do Grupo EGF/Mota-Engil), que persiste em ignorar as exigências dos trabalhadores.
A luta dos trabalhadores da Amarsul visa exigir:
- O aumento geral dos salários e dos subsídios de refeição e de transporte;
- A redução do horário de trabalho;
- O fim da precariedade e a regularização laboral dos trabalhadores com vínculo de trabalho temporário;
- O respeito pela contratação colectiva;
- A reversão imediata dos cortes no subsídio de turno;
- A criação de subsídios de insalubridade, penosidade e risco e de risco rodoviário.
Não abdicando de defender os direitos dos trabalhadores, o STAL e o SITE-Sul – que convocaram esta greve – irão continuar a apoiar a justa luta pela sua valorização.