JOSÉ LOURENÇO | ECONOMISTA

DegradacaoSalarial 075ccTRABALHADORES, REFORMADOS E PENSIONISTAS ENFRENTAM ENORMES DIFICULDADES

Ganha cada vez mais força a urgência de uma subida imediata dos salários para que os trabalhadores consigam suportar a contínua subida dos preços de bens essenciais e energia. A discussão dos aumentos salariais para 2023 tem, forçosamente, de levar em conta este agravamento dos valores da inflação.

Que os salários dos trabalhadores da Administração Local têm sofrido uma degradação constante é uma evidência tal que nem os maiores defensores da política salarial prosseguida pelo Governo nas últimas décadas são, hoje, capazes de contestar. E que esta situação se tem agravado de forma galopante nos últimos meses até o maior cego vê e sente.

E perante a enorme subida da inflação em 2022, ganha cada vez mais força e urgência não só a necessidade de uma subida imediata dos salários para os trabalhadores deste sector – que permita fazer face à contínua subida dos preços dos bens e serviços essenciais –, mas também a necessidade de, na discussão dos aumentos salariais para 2023 (que, este ano, não passou dos 0,9%) este agravamento contínuo da inflação ser levado em conta, para que não se assista no próximo ano à repetição daquilo que se vive no corrente ano, isto é, como este surto inflacionista não estava previsto, os trabalhadores estão a ser obrigados a suportá-lo integralmente.

E ao mesmo tempo que, do lado dos trabalhadores, reformados e pensionistas assistimos ao enfrentar de enormes dificuldades, do lado dos grandes grupos económicos continua a especulação em torno dos preços dos bens e dos combustíveis, aumentando de forma claramente especulativa as suas margens de comercialização e obtendo lucros que atingiram níveis “obscenos”.

SITUAÇÃO INSUSTENTÁVEL PARA TRABALHADORES E FAMÍLIAS

De facto, e desde o início do 2.º semestre de 2021, com a aceleração contínua do ritmo de crescimento dos preços, a degradação dos salários atingiu níveis nunca antes vistos nas últimas décadas e a situação começa a ser insustentável para milhares e milhares de trabalhadores.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o valor registado em Julho na inflação homóloga (+9,1%) é o mais elevado registado nos últimos 30 anos, pelo que teremos de recuar até Dezembro de 1992 para encontrar um valor superior.

A inflação em termos homólogos (comparativamente com o mesmo mês do ano passado) e em termos anuais atinge hoje níveis que se aproximam dos verificados no conjunto dos últimos nove anos, isto é, só num ano cresceu quase tanto como nos nove anos anteriores!

Considerando os valores da inflação homóloga nos seis primeiros meses deste ano, a inflação média foi de 6,1%. Tal como nos meses anteriores, para esta forte subida contribuíram, sobretudo, os produtos alimentares não transformados (que em Junho subiram, em termos homólogos 11,9%, depois de em Maio terem crescido 11,6%) e os produtos energéticos (que cresceram 31,7%, depois de em Maio terem subido 27,3%).

INFLAÇÃO EM 2022 ENTRE 6,5% E 7%

Mas o crescimento dos preços não se reflecte apenas nas subidas dos preços destes dois tipos de bens. Dada a sua importância transversal a toda a nossa economia, a chamada inflação subjacente – isto é, a inflação sem considerar estes dois tipos de bens – também não pára de crescer, tendo essa inflação homóloga atingido os 5,6% em Maio e 6% em Junho.

Passados pouco mais de oito meses deste ano, a questão que se nos coloca é a de procurarmos perspectivar – com estes ritmos de crescimento da inflação homóloga nos próximos meses – qual será a inflação anual de 2022, já que será com esse valor da inflação que se irão negociar os aumentos salariais e de pensões para 2023.

Analisadas várias hipóteses para a evolução da inflação homóloga nos meses que restam do corrente ano, parece-me bastante provável podermos terminar o ano com uma inflação anual em torno do intervalo dos 6,5% a 7%.
É claro que a inflação só se situará neste intervalo se se verificar um abrandamento no ritmo de crescimento dos preços neste 2.º semestre, o que pode ser previsível, tendo em conta que a inflação homóloga iniciou o seu ritmo de aceleração no 2.º semestre de 2021. Mas se isso não acontecer, então, poderemos ter uma situação de completo descontrolo dos níveis de inflação no nosso país, com a inflação a atingir níveis anuais que nos levam para os valores registados nos anos de 1980 e início da década de 1990.

Uma última nota para referir que, em meados de Junho, o Banco de Portugal – tendo por base a informação dos valores da inflação conhecidos até Abril, em que a inflação homóloga se situava nos 7,2% – previa uma inflação anual para 2022 de 5,9%. Ora, em Maio, essa inflação homóloga subiu para 8% e em Julho para 9,1%, pelo que é uma previsão realista apontar-se para uma inflação em 2022 em torno dos 6,5 a 7%.

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