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ANTÓNIO MARQUES

Uma escritora de referência pela luta de uma sociedade melhor.

Sabia que todos os regimes totalitários consideram a literatura "perigosa". Afirmou-o em 2013, quando recebeu o Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores, e assumiu-o desde a primeira obra (os contos de «Lugar Comum», de 1966), num trabalho constante, e de um virtuosismo exemplar, sobre “a palavra”.

Comprometida com a luta da sociedade e, particularmente, a luta das mulheres rumo ao futuro, Maria Velho da Costa foi uma das grandes figuras da nossa literatura e do nosso pensamento, tendo contribuído, em muito, para a revolução das ideias e incentivado a transformação da sociedade portuguesa.

A escritora nasceu em Lisboa, a 26 de Junho de 1938, e veio a morrer em 23 de Maio de 2020, com 81 anos, num longo percurso de vida em que integrou activamente o Movimento Democrático de Mulheres, e deixou-nos um legado com grande importância para a Revolução de Abril, de 1974.

Em 1976 publicou “Cravo”, um conjunto de textos de intervenção que sintetizam as suas preocupações sobre o lugar das mulheres em Portugal e no Mundo, e que foi um contributo inequívoco para ajudar a mudar as mentalidades, num país ainda enfeudado ao pesado sistema patriarcal, herdado do Estado Novo.

Aliás, os seus pares – tal como toda a sociedade portuguesa – reconheceram, muito justamente, a escritora como uma das mulheres que abraçaram a Revolução de Abril, impulsionando com grande convicção a luta pela dignificação e emancipação das mulheres.

A sua obra e a sua memória continuam vivas, com os seus conteúdos literários de extraordinária dimensão humana, que continuam a marcar o nosso imaginário colectivo.

Emprestou a sua força e o seu talento à renovação da literatura nacional da década de 1960, onde as suas novas experiências na língua escrita se destacam por uma marcante transgressão formal e num permanente diálogo com a Literatura Tradicional Portuguesa.

No campo da ficção, Maria Velho da Costa é, seguramente, uma das mais renovadoras das nossas Letras, quer pela sua criatividade, quer também pela produção textual, dotando-a com uma sublinhada riqueza estilística e vocabular, de singular ousadia e aguçada crítica à condição social da mulher.

“GRITOS DE ALERTA” PARA UMA NOVA MENTALIDADE

Autora de uma obra com uma energia sem paralelo, Maria Velho da Costa é responsável por alguns dos romances mais significativos da ficção portuguesa e dos mais importantes do panorama literário contemporâneo, como «Maina Mendes» (1969), «Casas Pardas» (1977) ou «Missa in Albis» (1988), bem como por várias obras de prosa poética, contos, crónicas e análise social.

Durante o fascismo, enfrentou corajosamente a censura (ela que, curiosamente, era filha de um coronel do Exército que integrava a famigerada Comissão Censória de Salazar), legando à Revolução de Abril palavras que acalentaram sonhos de tantas mulheres, e que ainda perduram no nosso tempo.

Mereceu o justo reconhecimento literário e político através de vários prémios e distinções, entre eles o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (APE), em 2000; o Prémio Camões (2002); e as medalhas da Ordem do Infante D. Henrique (2003) e da Ordem da Liberdade, em 25 de Abril de 2011.

As suas palavras, a sua afirmação e a sua luta ajudaram a transformar, para sempre, as mentalidades e as ideias que muito contribuíram para uma Nova Ordem Social, em que a mulher conquistou o seu devido lugar.
Acérrima crítica em relação à condição social, política e humana da mulher na sociedade portuguesa, encetou uma parceria literária com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, que ficou conhecida como as “Três Marias” .

Os textos de Maria Velho da Costa são verdadeiros “gritos de alerta” para a construção de uma nova mentalidade, de um novo caminho e até de uma nova era para as mulheres em Portugal, usando a literatura como “arma” de denúncia, a voz do sobressalto e de revolta.


ALVO DA FÚRIA FASCISTA

Licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, deu aulas no ensino secundário e foi presidente da APE entre 1975 e 1977. Foi adida cultural em Cabo Verde, de 1988 a 1990; leitora no Departamento de Português do King's College (Londres), entre 1980 e 1987; e adjunta do Secretário de Estado da Cultura, em 1979. Trabalhou, ainda, no Instituto Camões e colaborou como argumentista com os cineastas João César Monteiro, Margarida Gil e Seixas Santos.

Em 1972, com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, assina parte dos textos de «Novas Cartas Portuguesas», tendo por matriz as «Cartas» de Mariana Alcoforado. As “Três Marias” estariam longe de imaginar o torvelinho que a publicação do livro iria provocar no país sisudo, amargo e triste de Salazar e Caetano, tendo sido alvo de processos-crime e toda a parafernália de acções de cerco e ameaça, que o poder fascista usava em casos que tais. A Revolução de Abril poria fim a mais este funesto episódio.
 

OBRAS PRINCIPAIS DE MARIA VELHO DA COSTA:

O Lugar Comum (1966);
Maina Mendes (1969)
Ensino Primário e Ideologia (1972)
Novas Cartas Portuguesas - com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno (1972)
Desescrita (1973)
Cravo (1976)
Português; Trabalhador;
Doente Mental (1977)
Casas Pardas (1977)
Da Rosa Fixa (1978)
Corpo Verde (1979)
Lucialima (1983)
O Mapa Cor de Rosa (1984)
Missa in Albis (1988)
Das Áfricas — com José Afonso Furtado (1991)
Dores — contos, com Teresa Dias Coelho (1994)
Irene ou o Contrato Social (2000)
O Livro do Meio - com Armando Silva Carvalho (2006)
Myra (2008)
O Amante do Crato (2012)

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