A história repete-se, e uma vez mais, sob a forma de tragédia. Portugal é novamente confrontado com o flagelo dos incêndios florestais, num mês de Agosto negro ao nível das consequências, incluindo a trágica perda de vidas humanas.
O grau de destruição é tremendo, num cenário potenciado pelas altas temperaturas registadas, pela incúria e abandono, pela continuada destruição da floresta mediterrânica, pelo desinvestimento brutal na prevenção levado a cabo nos últimos anos.
É neste cenário dantesco que homens e mulheres, por vezes com parcos meios ao seu dispor, e pondo em risco a sua própria vida, continuam a dar o seu melhor, ao serviço nas corporações de Bombeiros, na defesa da vida humana, dos bens das populações, da natureza e da floresta.
Na Madeira, o concelho do Funchal, o fogo desceu à cidade, atingindo violentamente o centro histórico. O balanço é dramático: três pessoas perderam a vida na zona da Pena, freguesia de Santa Luzia; há uma pessoa desaparecida, dois bombeiros feridos gravemente, mais de 100 feridos ligeiros, cerca de mil desalojados.
Seis anos depois da tragédia das cheias, a Madeira está de novo em luto. Este não é o resultado exclusivo de causas naturais, mas sim de políticas e opções erradas que culminam num desfecho catastrófico de prejuízos e, pior, de perda de vidas.
Perante a gravidade dos acontecimentos, que podem mesmo prolongar-se, tendo em conta as previsões climatéricas, o STAL considera imperativo que sejam mobilizados todos os meios possíveis e efectivada uma estratégia de defesa das populações e da Natureza, devendo ser considerada a adopção de medidas de cariz extraordinário, tanto no combate, como em todas as fases de apoio posterior.
O STAL manifesta o seu profundo pesar às famílias enlutadas e a sua solidariedade às populações atingidas, aos bombeiros profissionais e voluntários que com coragem e sacrifício combatem as chamas, defendem a vida humana e uma das maiores riquezas nacionais, a floresta, bem como com todos os demais trabalhadores, em particular das autarquias, chamados a responder nesta hora para minorar o sofrimento humano e para proporcionar a segurança e o conforto possíveis.
Por último, o STAL exige o apuramento de todas as responsabilidades nestes trágicos eventos e expressa o seu compromisso em defesa de uma política que encare seriamente as questões do ordenamento da floresta, que aposte decisivamente na prevenção e na dignificação e valorização de todos bombeiros, com a convicção de que só assim será possível cumprir com eficácia a nobre missão que lhes cabe, ao serviço das populações e do País.