O governo insiste em manter um Sistema de Avaliação de Desempenho dos trabalhadores da administração pública que tem por principal objetivo obstaculizar o direito à progressão na carreira e estagnar as progressões salariais.
Conhecida que é a proposta de “revisão do SIADAP”, confirma-se que o governo está apostado em manter os trabalhadores da Administração Pública sujeitos a um regime de quotas injusto e sem qualquer correspondência com a realidade.
Só 5% dos trabalhadores são excelentes?
Só 20% dos trabalhadores são muito bons?
Em causa não está a percentagem que se aplica a cada menção, está o fundamento para haver quotas, que apenas servem para manter a esmagadora maioria dos trabalhadores condicionados a 4 ou 5 alterações de posição remuneratória durante 40 anos de trabalho, ao contrário do que propala o governo!!!
Sem conseguir apresentar um único dado sobre o impacto dos quase 20 anos de aplicação do SIADAP na melhoria dos Serviços Públicos, o governo continua a tentar iludir a opinião pública acerca das suas intenções e dos efeitos perniciosos das políticas que pratica.
Ao mesmo tempo que desinveste nas Funções Sociais do Estado e nos Serviços Públicos, subfinanciando-os, deixando-os degradar por falta de investimento, não criando condições para reter trabalhadores, desvalorizando carreiras e sendo complacente com a promiscuidade entre serviços públicos e o sector privado, usa o SIADAP como instrumento de responsabilização dos trabalhadores pelos maus resultados das políticas que pratica.
É necessário revogar o SIADAP!
Não nos deixaremos enganar. Todos os trabalhadores da Administração Pública, em todos os Serviços, sabem qual foi o impacto da aplicação do SIADAP nas suas carreiras e nas suas perspectivas de progressão. Um impacto profundamente negativo, que não é resolvido tentando “mitigar” as injustiças que ele contém.
As políticas de desinvestimento nos serviços públicos e de desvalorização das carreiras profissionais, onde se insere o SIADAP como um dos elementos essenciais, associado aos baixos salários, já estão a ter consequências evidentes na capacidade da Administração Pública atrair trabalhadores, ficando muitos concursos de recrutamento “vazios”.
Porque será que há pouco interesse em trabalhar na Administração Pública?
Porque é “tão difícil” reter trabalhadores?
Que impacto terá esta realidade no futuro dos Serviços Públicos?
A Administração Pública e os seus trabalhadores não precisam de “processos de revisão”, precisam, isso sim, de ser valorizados e sujeitos a políticas de investimento! Só assim se fará justiça ao seu papel insubstituível na satisfação de necessidades de toda a população.