APELOU À MOBILIZAÇÃO E INTENSIFICAÇÃO DA LUTA DOS TRABALHADORES
Cristina Torres, presidente do STAL, interveio neste encontro magno, em 10 de Abril, e transmitiu uma saudação de solidariedade dos trabalhadores portugueses aos companheiros cipriotas e à sua luta.
Na saudação que dirigiu aos congressistas, referiu as lutas que os trabalhadores portugueses desenvolvem neste momento em defesa dos seus direitos, do Poder Local Democrático, uma das mais importantes conquistas da Revolução do 25 de Abril – que este ano celebra o seu 50.º aniversário –, em defesa dos Serviços Públicos, em particular da água pública, pelo aumento dos salários, pela valorização das profissões, pela saúde e segurança no trabalho, por uma vida melhor.
Abordando a situação portuguesa, a presidente do STAL afirmou que o resultado alcançado pela direita nas eleições legislativas de Março e o crescimento da extrema-direita, não podendo ser desligado das consequências das políticas de direita seguidas nos últimos anos (em particular pela maioria absoluta do Partido Socialista), com o que gerou de injustiças e insatisfação face ao acumular de dificuldades por parte dos trabalhadores e das populações, é profundamente negativo, porque abre caminho ao agravamento das desigualdades, à tentativa de retirada de direitos sociais laborais e sindicais, à privatização de Serviços Públicos e das Funções Sociais do Estado, e ao confronto com o próprio regime democrático.
Por isso, acrescentou, “não temos quaisquer ilusões acerca do que nos espera, pelo que é na mobilização e na intensificação da luta que estamos desde já fortemente empenhados para combater retrocessos e para exigir respostas e soluções”. No plano dos salários, exigindo 1000 euros de Salário Mínimo Nacional ainda em 2024, num País onde o salário mínimo é actualmente de 820 euros, e onde os trabalhadores da Administração Pública perderam 20% do poder de compra desde 2009; para exigir a dignificação profissional, num País que destruiu centenas de profissões; para lutar contra um sistema de avaliação que apenas serve para garantir a estagnação salarial; para erradicar a precariedade laboral, que atinge cerca de 740 mil trabalhadores (17,4% do total); pelo respeito pela contratação colectiva; contra a privatização e por Serviços Públicos que respondam com qualidade às necessidades dos cidadãos; por uma justa distribuição da riqueza, num País em que os 5% mais ricos detêm 42% da riqueza produzida.
“AS CONTAS QUE VALEM A PENA”
E a propósito da situação financeira, lembrou que “quando ouvirem falar de Portugal como exemplo de ‘contas certas’, digam que os portugueses amam o seu país, que consideram importante terem travado a ofensiva da troika, que valorizam os avanços alcançados, mas que pouco se afastaram do lugar para onde a austeridade os empurrou e digam, sobretudo, que os trabalhadores portugueses continuam a lutar pelo desenvolvimento soberano do seu país e pelo direito a uma vida digna. Estas são as contas que valem a pena”.
Sem esquecer a situação internacional, e em particular a situação do Chipre – território que continua dividido, após a invasão da Turquia há 50 anos, que controla a parte Norte da Ilha –, e numa Europa onde continuam a imperar os interesses dos mais fortes e num Mundo em que as crescentes desigualdades alimentam o recrudescimento dos fascismos, a intolerância e a violência global, Cristina Torres salientou que “nada disto é inevitável”, e que, com a força de quem trabalha, é possível construir uma Europa dos trabalhadores e dos Povos, um Mundo mais justo, progressista e solidário. Um Mundo de Paz, porque só a Paz interessa a quem trabalha.