MARIANA VIOLANTE

P4 129 Opiniao Mariana f242dO problema da habitação atinge muitos trabalhadores e estudantes, as famílias em geral. Também aqui, só a união, a solidariedade e o trabalho em comunidade poderão contribuir para resolver esta situação.

Estipula o artigo 65.º da nossa Constituição que “todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto, e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”.

Afirmar e exigir o direito à habitação não significa que se exija que o Governo “dê casas a toda a gente”. Este contra-argumento básico de quem critica o activismo e os movimentos pela Habitação é muitas vezes utilizado para desviar a atenção do problema na sua raiz: a falta de políticas públicas concretas que concretizem este direito.

No referido artigo 65.º, os números seguintes à primeira afirmação estipulam muito especificamente o que há a fazer e – espantem-se! – em nenhum momento menciona a distribuição generalizada de casas.

Aliás, o que dizem os números seguintes deste artigo fundamental da nossa democracia — e que está em incumprimento — é precisamente que este direito deverá ser garantido por um conjunto de várias políticas públicas para que as pessoas consigam ter acesso justo a habitação.

O que nos impede de ter habitação digna a preços justos e comportáveis com condições de habitabilidade confortáveis não é haver muita procura para pouca oferta (existem muitas casas por ocupar e recuperar); não é falta de construção (há muito prédios recém-construídos vazios, vendidos a grandes grupos económicos e ‘fundos abutres’ que usam casas como activos para especulação financeira); não é haver senhorios que arrendam, a 30 imigrantes desesperados, uma casa em péssimas condições. Esta realidade existe, é certo, mas o problema fundamental não são os inquilinos, são as circunstâncias em que eles actuam.

OS ÍMPETOS GANANCIOSOS DO CAPITALISMO
Quais são, então, as circunstâncias que impedem o cumprimento do nosso direito a ter uma casa onde morar? São as circunstâncias do mercado desregulado, selvagem, sem qualquer tipo de limites regras ou políticas. Actualmente, em Portugal e numa boa parte do Mundo, a habitação é a área social em que melhor se vê o que acontece quando se deixa o “mercado” funcionar livremente, sem nada que ponha travão aos ímpetos gananciosos da estrutura capitalista em que vivemos: caos, injustiça, privações, ausência de respostas públicas para a população em geral, e as vulneráveis em particular.

No nosso país, há pessoas que trabalham e que, no final do dia, regressam para a rua, e não para uma casa. O problema da habitação é um problema de muitos trabalhadores e estudantes, das famílias em geral. Também aqui, só a união, a solidariedade e o trabalho em comunidade poderão resolver esta situação.

Da mesma forma que lutamos e conquistamos os nossos direitos laborais nas acções de luta e greves, também para este problema teremos de vir para a rua, para os locais de decisão política, para as vizinhanças, associações e cooperativas.

O problema de base é o mesmo, e a solução também: destruir os mecanismos que nos oprimem com a força do esclarecimento, da união e da exigência de acção concreta!

 

NOVO PERFIL DE EXCLUSÃO SOCIAL: MAIS JOVENS, MULHERES E MIGRANTES

Aumenta número de “sem-abrigo trabalhador”

Especulação imobiliária, “boom” do turismo, baixos salários e precariedade laboral “empurram” muitos para a vivência ao relento, numa tenda ou construção devoluta.

Está a aumentar o número de pessoas que, apesar de trabalhar, ter um rendimento mensal ou estando inseridas em formações pagas, não consegue assegurar a renda de uma casa ou sequer de um quarto, sobretudo em Lisboa.

Este fenómeno foi identificado como um dos factores que contribuíram para a subida acentuada do número de sem-abrigo em 2023, cujo novo perfil de exclusão foge ao tradicional (associado a dependências ou situações crónicas): auferem salários baixos e têm trabalhos maioritariamente precários.

Este perfil de “sem-abrigo trabalhador” – com mais jovens, mulheres e migrantes a enfrentarem esta realidade – é recente e coincide com a prolongada especulação imobiliária e o actual “boom” do turismo. Os dados mais recentes revelam um aumento preocupante do número de pessoas sem-abrigo em Portugal. Em 2023, foram identificados 13.128 casos (+23% face a 2022), mais do dobro dos registados em 2018, com Lisboa a liderar com 3.378 pessoas sem-abrigo, enquanto a Área Metropolitana contabilizou 4.871 casos (um crescimento de 50% nos últimos cinco anos).

Perante este autêntico flagelo social, é urgente definir a habitação como prioridade nacional, devendo o Estado assumir, em pleno, o seu primordial papel enquanto garante do direito constitucional à habitação.

Jovens trabalhadores rejeitam empobrecer a...
Sex., Mar. 28, 2025
AdP | Trabalhadores exigem atribuição do...
Sex., Mar. 28, 2025
5 DE ABRIL, SAI À RUA! Manif. nacional em...
Seg., Mar. 24, 2025
Frente Comum exige reforço dos Serviços...
Sex., Mar. 14, 2025
A luta dos trabalhadores dos SMTUC leva...
Sex., Mar. 14, 2025
28 Março | Luta pelo teu salário, pela tua...
Qui., Mar. 13, 2025
SIADAP - Uma arma obscena e imoral
Qua., Mar. 12, 2025
CM Almada | STAL convoca greve de 24 horas...
Qui., Mar. 06, 2025
Um dia de todas as lutas. Uma luta de todos...
Qui., Mar. 06, 2025
Trabalhadores das autarquias da Moita...
Qui., Mar. 06, 2025
I Plenário Nacional dos trabalhadores da...
Dom., Mar. 02, 2025
28 Fevereiro | Manifestação reúne milhares...
Sex., Fev. 28, 2025
Trabalhadores municipais de transportes...
Ter., Fev. 11, 2025
Trabalhadores dos SMTUC concentram-se junto...
Seg., Fev. 10, 2025
STAL marca protesto nacional de todos os...
Ter., Jan. 28, 2025
2025 | O custo de vida aumenta e o povo não...
Seg., Jan. 27, 2025