JOSÉ ALBERTO LOURENÇO |ECONOMISTA
VIDA AINDA MAIS DIFÍCIL PARA MILHARES DE FAMÍLIAS EM 2025
No início deste novo ano, novas subidas de preços de muitos bens e serviços essenciais à população foram anunciadas. Mas o mesmo não sucedeu como os factores essenciais para melhorar as condições de vida do Povo e desenvolver o País.
Nos últimos anos, e em especial a partir de 2022, as famílias portuguesas viram subir muito consideravelmente as suas despesas mensais com a aquisição dos bens e serviços (alimentação, vestuário e calçado, habitação, saúde, transportes, comunicações, lazer, ensino, restaurantes e bens e serviços diversos), que compõem os orçamentos familiares, em especial as despesas com bens alimentares, energia e habitação, sem que os salários e pensões tenham sido devidamente actualizados.
Se em relação a 2021, o nível médio dos preços dos bens e serviços incluídos no IPC está hoje cerca de 16% mais elevado (cresceu tanto nos últimos três anos como nos anteriores 14), já as despesas das famílias com produtos alimentares, e com habitação, electricidade, gás, água e outros combustíveis, subiram ainda muito mais, 27% e 17,7% respectivamente, sendo que a prestação média mensal com empréstimos à habitação subiu cerca de 60% em relação a Janeiro de 2022.
Acresce que a estrutura do IPC (a partir da qual se calcula a inflação) é a estrutura média das despesas das famílias, variando consideravelmente consoante o quintil em que se encontram as famílias.
No 1.º quintil estão as famílias mais pobres, constituídas pelos indivíduos que estão entre os 20% mais pobres, enquanto os 20% das famílias mais ricas integram o 5.º quintil.
São as famílias de mais baixos rendimentos – que gastam uma proporção maior das suas despesas com alimentação, habitação, electricidade, água, gás e outros combustíveis, e saúde – que mais subiram nos últimos anos e, como tal, a inflação por elas suportada foi certamente bem superior à chamada inflação média divulgada pelo INE.
Tendo em conta que o preço do pão e dos cereais a aumentaram 28% nos últimos três anos; a carne 27%; o leite, queijo e ovos 30%; os produtos hortícolas 36%; a fruta 22%; os óleos e gorduras 47%; e o peixe 19%; e sabendo o peso que estes bens têm no cabaz de compras destas famílias, facilmente percebemos quão difícil se tornou a vida de milhares e milhares de famílias com mais baixos rendimentos mensais.
PREÇOS SEMPRE A SUBIR!
Indiferente a tudo isto, e no início deste novo ano, novas subidas de preços para muitos produtos e serviços foram anunciadas, com a mesma justificação de sempre: o aumento dos custos de produção e o do Salário Mínimo Nacional.
Do pão ao leite, do café (10 a 30 cêntimos) aos ovos (5 a 10%), passando pela carne (5 a 10%), portagens (2,21%), rendas (2,16%), gás natural (6,9%), tabaco e bebidas (4%), transportes públicos (2,02%), comissões bancárias, telecomunicações e muitos outros bens e serviços, sucederam-se as subidas de preços.
O mesmo não sucede como os factores essenciais para melhorar as condições de vida do Povo e desenvolver o País: aumentar os salários e pensões bem acima da inflação, controlar os preços dos principais bens e serviços integrantes do cabaz de compras das famílias trabalhadoras, valorizar as carreiras e profissões e dignificar o trabalho, regulando e reduzindo horários de trabalho, erradicando a precariedade e promovendo o pleno emprego.
Este deveria ser o sentido das medidas de política anunciadas com o início de 2025, mas e como repetidamente temos denunciado, este não é o caminho que o governo de direita PSD/CDS está a trilhar.