OS TRABALHADORES E OS POVOS, AS PRINCIPAIS VÍTIMAS DA GUERRA
Nas mais diversas partes do Mundo, a barbárie capitalista continua a “triturar” milhões de vidas e a “fabricar” refugiados, que acabam nas profundezas do Mediterrâneo, e a gerar, cada vez mais, miséria e pobreza, desigualdades e ódio.
Vivemos tempos de horror e de vertigem para o abismo. E dos escombros provocados por cada míssil disparado, sobressaem os lucros mirabolantes dos fabricantes de armas e mais uma “acha para a fogueira”.
A guerra é um negócio altamente rentável. E caso não haja procura é preciso estimulá-la. Nasce e alimenta-se da mentira, da desinformação, da manipulação e da desumanização do outro. Como escreveu Saramago, nos «Cadernos»: “Culturalmente, é mais fácil mobilizar os homens para a guerra que para a paz. Ao longo da história, a Humanidade sempre foi levada a considerar a guerra como o meio mais eficaz de resolução de conflitos, e sempre os que governaram se serviram dos breves intervalos de paz para a preparação das guerras futuras. Mas foi sempre em nome da paz que todas as guerras foram declaradas. É sempre para que amanhã vivam pacificamente os filhos que hoje são sacrificados os pais…”
Em todas as guerras, são os trabalhadores e os povos as principais vítimas. A destruição de fábricas, escolas, hospitais, vias de comunicação, infra-estruturas e recursos naturais afecta, sobretudo, a vida dos que vivem do seu trabalho, mas também de todos os que lutam pela sobrevivência diária, e são tantos os que no mundo o fazem diariamente.
Na Europa, tendo ainda em memória guerras, assistimos à catástrofe provocada pela invasão condenável da Ucrânia pela Rússia. Uma guerra que podia e devia ter sido evitada e que urge parar, sendo hoje evidente que esta é uma guerra dos EUA e da NATO com a Rússia, à custa do sacrifício do povo ucraniano.
No Médio Oriente, após os desumanos ataques perpetrados pelo Hamas contra Israel, este desencadeou uma igualmente desumana e brutal operação de castigo colectivo sobre a população de Gaza, prelúdio do genocídio do povo da Palestina e de mais uma tentativa de expulsão dos sobreviventes do seu território, o que faz há décadas sob total impunidade, com a conivência dos EUA e de governos ocidentais, violando sistematicamente os direitos dos palestinianos e todas as resoluções das Nações Unidas, como se comprova uma vez mais.
VÍTIMAS DA COBIÇA E RAPINA DAS GRANDES POTÊNCIAS
«Enquanto o meu povo resistir não estará sozinho», afirmava há dias, de forma comovida, Dima Mohamed, professora palestiniana a residir em Portugal, numa acção de solidariedade com o povo palestiniano. E não está! Embora o silenciamento da comunicação social e os esforços de alguns governos para impedir as manifestações de apoio, são milhões os que hoje gritam em todo o Mundo em defesa dos direitos do povo palestino.
Também em Portugal, como as acções promovidas pelo CPPC, MPPM e CGTP-IN têm demonstrado, apoiadas pelo STAL, entre outros, são cada vez mais os que se juntam à causa da defesa da Paz no Médio Oriente, pelo fim imediato das agressões e pelos direitos do povo palestiniano a um estado livre, independente e soberano.
Neste combate não podemos esquecer, ainda, a situação dramática dos povos do Iraque, Líbia, Síria, Iémen, Afeganistão, Líbano, Mali, República Centro Africana, Sahara Ocidental ou do Curdistão, entre outros. Nem os povos da América Latina. Todos merecem ser respeitados e devem poder decidir o seu futuro. Mesmo os que estão fora da agenda mediática, os propositadamente esquecidos, mas igualmente vítimas da política da cobiça e rapina das grandes potências, devido aos recursos naturais que possuem.
Somos contra a guerra, bloqueios e ingerências. Como se afirma no Manifesto Pela Paz, aprovado na 4.ª Conferência Sindical do STAL: «Só há espaço social para a guerra se não soubermos impor e fazer respeitar os nossos direitos; só há margem financeira para a guerra se permitirmos que os recursos públicos e a riqueza do trabalho sejam canalizados para o armamento; só há futuro para a guerra se nos resignarmos a viver numa sociedade sem horizonte de progresso.»
Nele se apela à conjugação de esforços para exigir «a dissolução dos blocos militares, incluindo a NATO, tal como prescreve a nossa Constituição. É preciso cumprir a Carta das Nações Unidas para a Paz e a concórdia entre os Povos da Terra; e é preciso que os governantes do nosso país ponham a mão na consciência, parem de cobrir e alimentar guerras, promovam a Paz entre os povos, cumpram a Constituição da Paz e de Abril», cujos 50 anos assinalam-se em 2024.
Todos não somos demais para defender a Paz, um direito fundamental e sem o qual nenhum outro direito pode existir.