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Depois das tão anunciadas “actualizações” em 52€ na TRU, da variação homóloga da inflação em Janeiro de 8,3% e dos novos escalões do IRS, os trabalhadores da Administração Local facilmente concluíram terem ficado com menos salário do que em 2022, ano ao longo do qual já tinham perdido o equivalente a um salário. Se dúvidas houvesse, os dados da DGAEP atestam inequivocamente a quebra real dos salários, desde Janeiro de 2022, afectando o conjunto das carreiras, chegando aos 7,8% nos assistentes administrativos e técnicos superiores, e aos 8,6% no caso dos Sapadores Bombeiros.

Durante o “Mês de Esclarecimento e Luta”, promovido pelo STAL de 16 de Janeiro a 15 de Fevereiro, contactámos com milhares de trabalhadores em todo o País, ouvindo de viva voz relatos sobre as dificuldades extremas que atravessam: o abandono da habitação e o regresso à casa dos pais; abdicar de boa parte do almoço no refeitório para levar para casa para o jantar; a insuficiência da alimentação para os filhos...
O governo insiste em não atender às dificuldades daqueles que, diariamente, com poucos meios e imbuídos da vontade de fazer o melhor para o bem público, continuam a empobrecer a trabalhar, não conseguindo levar uma vida digna, sendo atirados para o limiar da pobreza.

A exigência de aumento imediato de 10% dos salários, no mínimo de 100€ mensais para todos, é uma emergência nacional, à qual o governo responde: “não está nos nossos horizontes qualquer actualização antes de Outubro”. Também na negociação das carreiras faz “que anda, mas não anda”, escusando-se a apresentar propostas, não respondendo à PRC e, em relação ao SIADAP, mantém as quotas, o número de pontos necessários à progressão e acrescenta mais competências.

Tudo isto, enquanto engordam os cofres públicos com as contribuições cada vez maiores dos trabalhadores, seja no IRS, no IVA ou do imposto especial nos combustíveis. Condições para valorizar os trabalhadores existem como nunca: o governo arrecadou mais 7 mil M€ de receita do que o previsto em 2022! É assim possível o aumento dos salários: é justo, porque, desde 2009, perdemos poder de compra ano após ano; e é necessário, pelo impulso ao consumo interno e ao crescimento da economia.

Falta apenas a um governo com maioria absoluta uma opção política a favor de quem trabalha e de quem, nesta crise como em todas as outras tem sempre pago, e continua a pagar, a maior factura.
Rejeitando a falsa tese da “espiral inflacionista”, é urgente que se tomem outras medidas, além dos aumentos salariais, como a fixação dos preços de bens essenciais e a tributação extraordinária dos lucros escandalosos dos grandes grupos económicos, à custa de quem trabalha.

Há, pois, redobradas razões para lutar contra quem pode e deve, mas não quer. A voz dos trabalhadores não se faz ouvir apenas em momentos eleitorais, é a sua força, unidade e determinação, em cada momento, que asseguram o progresso e maior justiça social. A mobilização dos trabalhadores na construção de uma grande Greve Nacional em 17 de Março, e na grande manifestação no dia 18, serão determinantes para termos a vida digna a que todos temos direito.

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