O COMBATE QUE VALE A PENA TRAVAR!
Cillian Murphy, no seu discurso em Hollywood, após receber o Óscar de melhor actor principal, afirmou: «Fizemos um filme sobre o homem que fez a bomba atómica. Para o bem e para o mal, vivemos no Mundo de Oppenheimer. Queria dedicar este prémio a todos aqueles que fazem a Paz.»Decorridos mais dois anos, a guerra na Ucrânia continua a massacrar centenas de milhares de vidas humanas e os riscos de uma escalada militar de proporções gigantescas crescem perigosamente. Vejam-se as declarações de Macron, que não só reconheceu a presença informal de soldados franceses – a par dos britânicos, norte-americanos e outros – ao lado das forças ucranianas, como considerou o envio de tropas europeias para a Ucrânia, revelando uma total irresponsabilidade e deixando claro que não é a Paz que procuram, pelo contrário. Aliás, se assim fosse, esta guerra nunca teria começado, ou teria parado há muito, como escreveu recentemente o major-general Carlos Branco: “(...) a Ucrânia foi impedida de fazer a Paz, em Março de 2022, nomeadamente pela intervenção de Boris Johnson [ex-primeiro-ministro inglês]”. E acrescentou: “(...) O antigo chairman do Comité Militar da NATO, o general alemão Harald Kujat, [disse que] houve negociações em Istambul com um excelente resultado para a Ucrânia. Todos os ucranianos mortos, assim como todos os russos mortos ou feridos, depois de 9 de Abril [de 2022], devem-se ao facto de a Ucrânia não ter sido autorizada a assinar este tratado de paz”.[https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/as-palavras-e-os-factos-apos-dois-anos-de-guerra/]
O governo português – em vez de promover uma política comprometida com a luta pelo desarmamento, a solução política dos conflitos e a Paz – segue um guião de submissão e conivência com os “falcões” da guerra, fazendo “letra-morta” da nossa Constituição, que obriga o Estado a pugnar pela dissolução dos blocos político-militares, portanto da NATO.
O LADO CERTO DA BARRICADA
Prossegue também o genocídio de palestinianos por Israel, em particular na Faixa de Gaza, cuja acção criminosa e genocida continua impune, com o apoio directo ou indirecto dos Estados Unidos da América, do Reino Unido e da União Europeia, ignorando as deliberações do Tribunal Internacional de Justiça, na sequência do processo interposto pela África do Sul. Da mesma forma que ignoram todas as normas de direito internacional e as numerosas resoluções que, ao longo de décadas, o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral da ONU aprovaram sobre a questão da Palestina.
Até ao fecho desta edição, morreram mais de 30 mil palestinianos, fora os milhares que jazem sob as toneladas de escombros, dos quais mais de 13 mil são crianças, número que, segundo a ONU, é superior ao das vítimas infantis em quatro anos de conflitos em todo o Mundo, e o que levou a organização liderada por António Guterres a denunciar “uma guerra contra as crianças”, que, além das bombas, morrem também de fome e de sede.
No momento em que se celebra os 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, que nos trouxe a liberdade e a Paz, é um dever de todos e de cada um lutar pela soberania e direitos dos povos, pelo fim dos conflitos, das sanções, dos bloqueios, das agressões, das ingerências. E de lutar contra a corrida aos armamentos, pelo desmantelamento dos blocos militares e das armas nucleares.
Este é o lado certo da barricada, o combate que vale a pena travar!
BREVES
ARGENTINA.
Milhares de mulheres manifestaram-se publicamente contra a agenda reaccionária do governo de extrema-direita de Javier Milei que, em pleno Dia Internacional da Mulher, decidiu anunciar a mudança de nome do “Salão das Mulheres da Casa Rosada”, que é a sede do Governo argentino, para “Salão dos Próceres”, substituindo imagens de mulheres ilustres por de homens importantes daquele país sul-americano. Além disso, Javier Milei pretende ainda revogar a lei do aborto, que foi aprovada em 2020, e passou a aplicar o novo protocolo de segurança, que permite manifestações em praças e esplanadas, mas proíbe a interrupção do trânsito, como era habitual nestas ocasiões.
BÉLGICA.
A Federação Geral dos Trabalhadores Belgas manifestou-se contra as medidas de austeridade, exigindo liberdade para a negociação colectiva e o fim das reduções do sistema de Segurança Social, e denunciou as regras de governação económica que poderão conduzir a um corte de 30 mil milhões de euros na despesa pública, o que levaria a um aumento drástico do desemprego, salários mais baixos e serviços públicos enfraquecidos.
FINLÂNDIA.
Os sindicatos da Função Pública, dos transportes e outros membros da confederação sindical SAK convocaram duas semanas de greve contra o programa governamental de cortes na Segurança Social e ataques aos direitos dos trabalhadores e sindicais. Os sindicatos condenam o governo de direita/extrema-direita por não responder às reivindicações e aos apelos de negociação.
INGLATERRA.
Os municípios ingleses atravessam enormes dificuldades. O jornal “Mirror” noticia que a grande maioria das autarquias sofrem cortes nos financiamentos e o “Guardian” diz haver municípios a recorrer ao crowdfunding para manter as escolas. Cerca de 800 bibliotecas municipais foram encerradas. O UNISON lançou uma campanha em que exige o financiamento adequado das autarquias pelo governo central, para poderem prestar os serviços de elevada qualidade de que todos precisam.