GRUPO ÁGUAS DE PORTUGAL LUCROU MAIS DE 415 MILHÕES DE EUROS, ENTRE 2018 E 2021
A luta já realizada levou a AdP a aceitar negociar a proposta de revisão do ACT apresentada pelo STAL e FIEQUIMETAL, nomeadamente a proposta de novo modelo de carreiras e remunerações. O combate irá prosseguir até a administração reconhecer o empenho e dedicação dos trabalhadores do Grupo.
Desde a conclusão do longo processo de negociação do Acordo Colectivo de Trabalho (ACT) para as empresas do Grupo Águas de Portugal (AdP), ficou claro para todos os intervenientes que o modelo de carreiras e a consequente estrutura salarial estavam desadequadas da realidade e das necessidades das empresas que, como esta, prestam um serviço público essencial às populações.
Fruto da pressão do governo PS – e em particular do Ministério das Finanças –, a conclusão do processo negocial não permitiu a revisão do modelo de carreiras, tendo as partes assinado uma Acta de Entendimento (AE) em que apontava, justamente, para a necessidade premente de, após a publicação do ACT, se iniciar o processo de revisão do modelo de carreiras e adequação da tabela salarial da empresa.
Processo esse que só em final do ano passado se começou a delinear, em consequência dos adiamentos promovidos por sucessivos conselhos de administração da AdP, com a “ajuda” de sucessivos ministros das Finanças e do Ambiente, que tutelam a empresa.
Tendo-se iniciado, em Janeiro deste ano, um processo de revisão do ACT, desde cedo ficou claro que, por parte do governo PS e da AdP, havia pouca ou nenhuma vontade de cumprir a AE assinada em 2018 e rever, de uma vez por todas, a estrutura de carreiras e remunerações do grupo. Ao invés, limitaram-se a apresentar um conjunto reduzido de propostas que mais não faziam que manter tudo mais ou menos na mesma, fazendo alguns (insuficientes) acertos na tabela salarial.
EXIGÊNCIAS JUSTAS
Por parte do STAL e da FIEQUIMETAL, a posição foi sempre clara: a revisão de carreiras e a reposição das profissões efectivamente desempenhadas pelos trabalhadores é a peça fundamental desta revisão inadiável, e tem que ser assumida por todos como fundamental para o Grupo AdP.
Perante as sucessivas recusas da administração em ir além das propostas por si apresentadas, os trabalhadores viram-se forçados a encetar formas de luta para conseguir a negociação da estrutura de carreiras e tabela salarial.
Após a recolha de abaixo-assinados, a luta culminou, em 30 de Junho, com a greve de 24 horas e concentrações em frente às sedes das empresas do Grupo. Com esta jornada de luta ficou bem demonstrado o profundo descontentamento dos trabalhadores relativamente à política de polivalência e estagnação salarial adoptada no Grupo AdP.
Não estando atingido ainda o objectivo da reposição das carreiras, o combate dos trabalhadores já conseguiu que a administração da AdP aceitasse negociar a proposta de revisão do ACT apresentada pelos sindicatos da CGTP-IN, nomeadamente a proposta de novo modelo de carreiras e remunerações.
A luta dos trabalhadores do Grupo AdP não terminou e não terminará até que seja estabelecido um regime de carreiras, categorias profissionais e funções que valorize e reconheça a experiência profissional e o empenho dos trabalhadores, com uma tabela salarial condigna, que reconheça e valorize as funções efectivamente prestadas.
O STAL, a FIEQUIMETAL e os trabalhadores sabem que as suas exigências são justas e, mais que isso, concretizáveis, num grupo de empresas que, entre 2018 e 2021, apresentou mais de 415 milhões de euros de lucro!
O reconhecimento dos trabalhadores e das suas profissões é, por isso, obrigatório e a luta prosseguirá até o conselho de administração da AdP e o governo PS reconhecerem o empenho e dedicação destes trabalhadores.
ESFORÇO, DEDICAÇÃO E PRODUTIVIDADE
Em 26 de Janeiro, a Comissão Negociadora da AdP apresentou uma proposta de actualização salarial e de outras matérias, que continuava longe das reivindicações dos trabalhadores, confrontados com tarefas profissionais exigentes, excessiva carga horária e equipas cada vez mais reduzidas. Todavia, em 9 de Junho, e para surpresa do STAL e da FIEQUIMETAL, a AdP deu “o dito por não dito” e retirou a sua proposta, atitude reveladora da pouca consideração que tem para com os seus trabalhadores e os problemas e dificuldades com que estes se debatem há muito, os quais se têm agravado no actual quadro de grave crise social e económica.
Ora, o aumento geral dos salários não é um “favor” ou caridade da empresa, mas, antes, é devido aos trabalhadores pelo esforço, dedicação e produtividade, sem os quais os “chorudos” lucros não seriam possíveis. Está nas mãos da a administração a resolução dos problemas dos trabalhadores, que a responsabilizam pelo actual clima na empresa e pelas acções de luta que adoptarão a partir deste mês de Setembro.