p23 Eca 2c8f8«OS MAIAS», DE EÇA DE QUEIROZ 
António Marques

É um dos grandes “mestres” das Letras Portuguesas, e “escreveu” sobre os dias de hoje, já lá vão mais de 100 anos… Com uma obra absolutamente intemporal, parte dela foi deixada inédita à data da sua morte.

Há muitas coisas que Eça escreveu sobre a sociedade portuguesa do seu tempo que se aplicam ao momento em que vivemos, tendo sido sempre muito crítico para com as elites, o que não deixa de traduzir o seu amor ao torrão Lusitano. Eça seria, talvez, mais azedo, quando dizia que, há 100 anos, Portugal não tinha futuro, mas eis-nos ainda aqui, no mesmo registo…

jornalSe fosse vivo, não se calaria em relação a um Portugal em crise e com profundos desequilíbrios. Um País que ainda não se libertou de um elemento que é quase endémico nos seus ciclos, a emigração, um elemento trágico para qualquer país, sendo a prova de que não consegue oferecer, aos seus cidadãos, soluções de vida e de dignidade que estes anseiam.

Eça de Queiroz é o principal representante da Escola do Realismo em Portugal, sendo autor de alguns livros que provocaram escândalo na sua época, casos de «O Crime do Padre Amaro» e «O Primo Basílio». E todas as suas obras são marcadas pela crítica social e objectividade, mostrando a realidade da sua época sem idealizações.

«OS MAIAS»

O romance, em dois volumes e publicado em 1888 (com o subtítulo “Episódios da Vida Romântica”), é a melhor obra de Eça de Queirós e uma das obras-primas da Literatura Portuguesa.

A primeira referência ao romance terá surgido numa carta ao seu editor, o francês Ernesto Chardron (livreiro e editor que se fixou no Porto, onde fundou a Livraria Internacional, em 1869), como uma das obras a serem incluídas na série «Cenas Portuguesas» ou «Cenas da Vida Portuguesa», o que indica que a gestação do romance tenha durado cerca de 10 anos.

«Os Maias» ocupa-se da história de uma família ao longo de três gerações, centrando-se na última, apresentando dois planos cruzados: o da intriga sentimental, com a história de amor incestuoso (com ingredientes trágicos) entre Carlos da Maia e Maria Eduarda, e o desdobramento dos amores infelizes entre Pedro da Maia e Maria Monforte; e o da crítica social.

Vincando nesta obra o conflito que o opunha ao País, Eça procede a um inquérito da sociedade portuguesa nos domínios do parlamentarismo (representado pelo Conde de Gouvarinho e por Sousa Neto); do meio cultural (satirizado no episódio do sarau no Teatro da Trindade); do jornalismo corrupto (encarnado por Palma Cavalão); das consequências da educação beata e provinciana (espelhada em Eusebiosinho); e do romantismo literário (tipificado em Tomás de Alencar). Já João da Ega, o inseparável amigo de Carlos, surge como o principal acusador dos males do País.

HONRAS DE PANTEÃO NACIONAL?

Nascido na Póvoa do Varzim (25 de Novembro de 1845), Eça de Queiroz desenvolveu a sua vida literária de alta qualidade (parte dela deixada inédita à data da sua morte) entre meados dos anos 1860 e 1900, quando, a 16 de Agosto, morreu em Paris.

Entrou para o curso de Direito em 1861, em Coimbra, onde conviveu com muitos dos futuros representantes da Geração de 70. Em 1871, proferiu a conferência «O Realismo como nova expressão da Arte», integrada nas Conferências do Casino Lisbonense, e no mesmo ano iniciou, com Ramalho Ortigão, a publicação de «As Farpas», crónicas satíricas sobre a vida portuguesa.

Em 1872, iniciou a sua carreira diplomática, tendo sido cônsul em Havana, Newcastle, Bristol e Paris. Morreu na capital francesa, mas foi trasladado para Lisboa, onde o cortejo fúnebre — entre o desembarque no Terreiro do Paço e o cemitério do Alto de São João — foi acompanhado por milhares de pessoas.

Em Setembro de 1989, os restos mortais foram trasladados para uma sepultura familiar no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião, rejeitando então a família uma proposta do Estado de o sepultar no Panteão Nacional.

E a toada recente que se começa a fazer sentir por mais uma transladação das ossadas de Eça para Lisboa não deixa de ser irónica e trágica, ao mesmo tempo...

ROMANCES

O Mistério da Estrada de Sintra (1870)
O Crime do Padre Amaro (1875)
A Tragédia da Rua das Flores (1878)
O Primo Basílio (1878)
O Mandarim (1880)
A Relíquia (1887)
Os Maias (1888)
Uma Campanha Alegre (1890)
A Ilustre Casa de Ramires (1897)

EDIÇÕES PÓSTUMAS

A Correspondência de Fradique Mendes (1900)
Dicionário de Milagres (1900)
A Cidade e as Serras (1901)
Contos (1902)
Prosas Bárbaras (1903)
Cartas de Inglaterra (1905)
Ecos de Paris (1905)
Cartas Familiares e Bilhetes de Paris (1907)
Notas Contemporâneas (1909)
Últimas Páginas (1912)
A Capital (1925)
O Conde de Abranhos (1925)
Alves & Companhia (1925)
Correspondência (1925)
O Egipto (1926)
Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929)
Eça de Queirós entre os seus (1949)

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